Os desafios e o perfil das cidades em 2050

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- setembro 30, 2013

Este ano é marcado pelas eleições municipais no Brasil e nos EUA pela presidencial, que ocorre na semana que vem. Eleições são importantes porque representam uma repactuação entre os governantes e os eleitores, sendo importante sempre se fazer uma análise adequada dos seus resultados.

No caso dos EUA, as diferenças entre Mitt Romney e Obama são muito significativas, ainda que o candidato republicano tenha adotado um discurso mais moderado em relação a temas importantes.

Por sua vez, caso Obama seja reeleito, abre-se a oportunidade de “entregar” o que não fez em seus primeiros quatro anos, valendo lembrar que o presidente, no seu segundo mandato, sempre tem mais liberdade por não pesar sobre si o fantasma da reeleição.

No Brasil, é tempo de se repensar o formato dos debates, que nos seus moldes atuais não têm sido capaz de permitir aos candidatos aprofundarem seu ponto de vista, engessados nas regras rígidas de pergunta, resposta e réplica, em tempo rigorosamente escasso.

Assisti aos recentes debates nos EUA e poderíamos aprender com eles, eventualmente organizando os mesmos por temas, a exemplo de mobilidade urbana, saúde, enfim, aqueles que realmente são essenciais para os eleitores.

As perguntas poderiam ser preparadas por especialistas com a finalidade de evitar respostas evasivas.Comparando os candidatos de todo país no que tange às abordagens em relação aos desafios das cidades, o que mais senti falta foi uma visão de futuro sobre as mesmas. Em 2050, como imaginam que os problemas de mobilidade estarão resolvidos?

No campo da saúde, a título de ilustração, todos os candidatos apresentaram suas propostas de melhor atendimento aos usuários, ampliando o serviço ambulatorial e hospitalar, mas nenhuma palavra foi mencionada sobre medidas preventivas para evitar a epidemia de obesidade e outras doenças que exigem, efetivamente, uma visão holística.

Certas questões exigem articulação do governo federal, governos estaduais e municipais, independentemente de questões partidárias. Como financiar a infraestrutura de transporte urbano e de saneamento básico face ao volume de recursos necessários? Que reformas estruturais são necessárias para viabilizar os mesmos?

O recém-eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, obteve da presidente Dilma um sinal de que a dívida dos municípios terá nova equação. Fico pensando se, ao invés de simplesmente reduzir as contas de luz, não seria possível utilizar um percentual pequeno para enterramento de postes e melhoria da paisagem urbana.

Explico: as cidades brasileiras, ainda hoje, fixam as redes elétricas em postes aéreos o que, na maioria das vezes, dificulta o uso das calçadas pelos pedestres e mesmo a implantação de ciclovias e árvores. Além de obviamente “enfear” as nossas ruas.

Caso a redução da conta de luz fosse de 8% e não 10%, essa diferença pouco significativa para o pagador poderia ser empregada em bons projetos urbanos. E, com isso, os benefícios seriam tangíveis para os cidadãos, que veriam uma melhoria evidente na paisagem urbana. Enfim, com o olho no futuro, o que esperamos é que os novos prefeitos liderem as mudanças que as nossas cidades requerem.