Copa do Mundo: torcer pelo Brasil

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- junho 11, 2014

Hoje o Brasil joga com a Croácia.

 

Com isso, enfim, se inicia a Copa do Mundo. Nos próximos dias teremos muitas emoções com os jogos e com toda a discussão sobre o evento. Quanto custou e qual o seu legado, mesmo sabendo que em relação a esse último, o Brasil foi mal.

 

Sobra, entretanto, a pergunta: por que fomos tão mal? O que realmente aconteceu para que as obras de mobilidade não fossem realizadas como prometido e para que outras tantas promessas também não fossem cumpridas? O Brasil tem que discutir as dificuldades gerenciais de execução de obras e por que os orçamentos são sempre superados tantas vezes.

 

A primeira grande Copa transmitida ao vivo pela televisão foi a de 1970. Nesses quarenta anos o mundo mudou, como vemos pelos países participantes. A Croácia fazia parte da Iugoslávia naquele ano e tínhamos duas Alemanhas. Muitos países surgiram desde então e a democracia se espalhou pelo mundo. Basta ver a América Latina, que à época era dominada pelas ditaduras. Aliás, hoje está praticamente provado que a Argentina ganhou a Copa de 1978 no “tapetão”. Afinal, era importante para os ditadores aumentar a auto-estima dos argentinos. O então presidente Jorge Rafael Videla morreu no ano passado na prisão.

 

O mundo do futebol também mudou. Alguns grandes times se transformaram em “empresas lucrativas” e os craques mais importantes em “empresas bem sucedidas”. A “lealdade” aos times é coisa do passado. Para o bem e para o mal.

 

Há alguns anos fui ao Marrocos e fiquei surpreso com o fato de que todos conheciam os jogadores brasileiros. E falavam sobre eles com grande intimidade.

 

Muitos brasileiros estão de mau humor com o Brasil. Mas isso não vai impedir que na hora H todos torçam pela Seleção. E é bom que tenhamos um momento de descontração. Afinal, ninguém é de ferro.

 

Encerrada a Copa do Mundo, o Brasil estará se preparando para as eleições de outubro. Sem dúvida nenhuma estas serão as mais disputadas dos últimos vinte anos. FHC e Lula se reelegeram com certa facilidade. O primeiro ainda no primeiro turno e Lula no segundo turno com vantagem expressiva.

 

Este ano os desafios do Brasil estão mais evidentes. Quem for eleito enfrentará um cenário muito difícil. A economia vai mal com a volta da inflação. As cidades brasileiras estão com uma péssima qualidade de vida pelos equívocos praticados por uma visão de curto prazo. O transporte público mal valorizado. E grandes incentivos ao automóvel.

 

O presidente eleito deve aproveitar o capital político das eleições para promover as reformas necessárias. Reforma Política e Reforma Tributária são interdependentes. Ambas devem definir como financiar as atividades governamentais dos entes da Federação. Com uma visão contemporânea.

 

Para mim um bom exemplo seria repensar o IPVA. Tributo sobre a propriedade não permite que o poder público possa utilizá-lo de maneira inteligente. Deveríamos pensar na taxação sobre o uso do automóvel, o que permitiria, inclusive, a utilização da idéia do pedágio urbano.

 

Enfim, vamos discutir a agenda brasileira. O que temos que fazer para melhorar a vida dos brasileiros. Em suma, torcer pelo Brasil.

Artigo publicado no jornal Brasil Econômico em 12 de junho de 2014.