Existem políticos sérios?

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- outubro 10, 2013

Na semana passada escrevi um artigo assinalando o trabalho do vereador Gilberto Natalini. Recebi algumas críticas no sentido de que o artigo estaria fazendo campanha eleitoral de um político em detrimento a outros.

Pelo fato de eu ter exercido três mandatos como deputado federal, creio que é importante registrar as razões que me levaram a escrever aquele artigo e também outros sobre a atuação de vereadores sérios e comprometidos.

Explico. No Brasil existe uma espécie ameaçada de extinção: os políticos de opinião. Aqueles que não possuem necessariamente uma base eleitoral geográfica ou defendem interesses coletivos ou corporativos.

Esse processo vem ocorrendo desde a democratização do país com a Constituição Federal de 1988, sendo fortemente influenciado pelos valores astronômicos das campanhas eleitorais.

Em outras palavras, a viabilidade eleitoral hoje depende da possibilidade do candidato arrecadar recursos ou mesmo se utilizar da máquina governamental. Esta, aliás, é uma das principais fontes das campanhas eleitorais.

Políticos disputam a tapas cargos importantes nas empresas estatais ou cargos de confiança, não pela remuneração que estes trazem aos seus ocupantes, mas sim pela possibilidade de “intermediação de negócios”.

Seria de se esperar que a atuação do parlamentar fosse um dos critérios importantes a lhe assegurar a reeleição, mas, infelizmente, no Brasil de hoje, os eleitores estão cada vez mais desatentos ao desempenho dos seus representantes.

A mídia, por sua vez, também contribui para isso, notadamente no período eleitoral. É muito comum que os veículos de imprensa deixem de entrevistar os vereadores e deputados sob a alegação de que é necessário “manter a neutralidade”.

Na verdade, tal comportamento pune dramaticamente os políticos de opinião, que dependem da divulgação de seus projetos de lei e demais iniciativas parlamentares.

Aliás, a mídia costumeiramente promove os “malfeitos” dos políticos, o que é importante para a democracia. Mas ao deixar de registrar os “benfeitos”, deixa de contribuir para o aperfeiçoamento daquela.

Por que omitir a autoria de leis bem feitas e corajosas? A descrença nos políticos de maneira geral se reflete em uma postura de alienação por parte dos eleitores. Se todos os políticos são ladrões e desonestos, não faz diferença em quem eu voto.

Com isso, se estabelece o “círculo vicioso” que corrói com o tempo a própria democracia, uma vez que nem todos os gatos são pardos.

Nos anos em que estive filiado a partidos políticos e disposto a me candidatar, sempre senti as dificuldades dos períodos de campanha eleitoral.

Esta – no meu caso e dos demais políticos de opinião – consistia basicamente em debates, palestras, entrevistas e reuniões em casas de amigos.

Mas, à medida que as pessoas foram se desinteressando pela política, esse tipo de campanha se tornou cada vez mais difícil. Os cabos eleitorais pagos assumiram uma importância crucial e os voluntários se tornaram avis rara.

Reconhecer que existem políticos sérios e comprometidos com as melhores causas representa hoje uma grande contribuição à democracia.

Espero divulgar o trabalho e nome dos políticos de opinião que conheço e que serão candidatos nas próximas eleições, independentemente de suas legendas partidárias.

Artigo publicado no jornal Brasil Econômico em 17 de maio de 2012.