O Rio na berlinda

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- outubro 10, 2013

Mais uma vez a dengue assusta o país, desta vez mais especificamente o estado do Rio de Janeiro, que já apresentou mais de 40.000 registros da doença neste ano. Assim como o Rio de Janeiro, outros estados do país registraram números expressivos da doença, mas a atenção se volta neste momento ao estado carioca, pela gravidade e urgência do tema. Ainda que a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro não queira reconhecer o estado calamitoso da situação, não se pode fechar os olhos à gravíssima situação vivida pelos cariocas em um país que foi o responsável por dois terços dos casos de dengue registrados nas Américas em 2007, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A situação do Rio de Janeiro é a vitrine do que ocorre em todo país: sucateamento de equipamentos e infra-estrutura, falta de profissionais capacitados, falta de planejamento estratégico, falta de investimentos, negligência e, principalmente, descaso. Não é possível para um país como o Brasil que ainda sejam registrados tantos casos de uma doença que deveria estar erradicada em todo território nacional.

Agora o Estado do Rio de Janeiro corre atrás do tempo para tentar frear o que é hoje a maior epidemia de dengue já vivida no estado. Hospitais de campanha estão sendo montados, pediatras estão sendo convocados em todo Brasil e os hospitais públicos estão trabalhando com sua capacidade máxima. Por conta de falta de planejamento o estado vive hoje um caos no que se refere à luta contra a dengue. O que se pode notar é que tais medidas dizem respeito única e exclusivamente ao tratamento daqueles que já tenham contraído a doença, enquanto que os esforços para combate à proliferação das larvas e mosquitos continuam tímidos.

O corte de verbas destinadas ao combate e prevenção à dengue em 2008 pode certamente ser destacado como um dos motivos que desencadearam esta epidemia, uma vez que a previsão de gastos para esta matéria foi reduzida em 48% pelo governo carioca com relação ao ano de 2007, sendo que apenas 7% desse valor foi aplicado até o presente momento. Outro fator importante na equação do aumento vertiginoso de casos é a falta de políticas públicas nesta matéria e a total negligência por parte dos administradores públicos.

O fato é que mais uma vez a população se encontra desamparada frente um problema que certamente não teria tomado essas proporções se tivesse sido tratado com seriedade desde o início, a exemplo do caso do apagão aéreo, que até os dias de hoje tem conseqüências para a população brasileira que precisa usar transporte aéreo. Medidas drásticas precisam ser tomadas e, mais que isso, os governantes precisam ter mais respeito pela população e agir de forma responsável quando o assunto se trata de saúde pública.