Práticas sustentáveis

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- outubro 14, 2013

Como se fala muito em sustentabilidade nos dias de hoje, sempre há dúvidas sobre até que ponto existem mudanças em relação ao tema ou simplesmente uma “repaginação”, isto é, muda-se a forma, sem grandes mudanças na implementação do conceito.

Diversas vezes, no Brasil Econômico, tenho comentado sobre os desafios da sustentabilidade nas suas várias dimensões, demonstrando que inegavelmente estamos em um outro patamar de consciência do que há algumas décadas, mas longe do necessário em termos dos desafios climáticos, de combate à desigualdade social e outros.

Na semana passada, tive a oportunidade de verificar a existência de mudanças na sociedade em relação à sustentabilidade, o que inspira esperança de que conseguiremos enfrentar os grandes desafios desse início do século.

O Sebrae de Minas Gerais organizou pioneiramente um Prêmio de Práticas Sustentáveis das micro e pequenas empresas, tendo identificado mais de 100 iniciativas das quais 25 foram escolhidas por um júri do qual tive oportunidade de participar, sob a liderança do ex-ministro do Meio Ambiente José Carlos Carvalho, uma das grandes referências brasileiras no desenvolvimento sustentável.

O Sebrae utilizou da sua capilaridade em Minas, com o auxilio de consultores, para identificar as práticas em curso, sendo que vimos um universo muito interessante de iniciativas: pousadas, restaurantes, artesanato, fazendas de café, empresas de fotocópias.

Constatou-se que existe uma mudança de mentalidade em curso: em um restaurante cujo proprietário possui apenas o ensino fundamental, há um grande esforço em se combater o desperdício de alimento, em se utilizar os restos para uma horta orgânica para suas próprias atividades e esforço para que os funcionários se engajem em tais práticas.

Outro exemplo diz respeito a empresas de retificação de motores, cuja preocupação com o meio ambiente é tão grande que suas instalações, de tão limpas, chamam a atenção, pois conflitam com a própria imagem que temos dessas atividades.

No que tange a algumas pousadas, verificamos que há preocupação na aquisição de alimentos locais que permitem o aumento da renda de famílias mais pobres, permitindo a inclusão social das mesmas.

Outros casos interessantes surgiram da parceria com universidades que estão efetivamente cooperando em processos de inovação. Uma das práticas que mais se destacou diz respeito a uma empresa que está oferecendo produtos com tecnologia brasileira em um mercado dominado por importações de bens similares.

Conhecendo o papel relevante que as micro e pequenas empresas possuem na economia brasileira e no oferecimento de postos de trabalho, é importante assinalar o enorme potencial de ampliação da iniciativa do Sebrae de Minas Gerais, de modo que possamos, nos próximos anos, identificar e estimular a sustentabilidade na agenda desses importantes atores econômicos.

Se a onda pega, o Brasil estará efetivamente implantando uma “economia verde”, transformando-se em referência no desenvolvimento sustentável.

Neste período que precede a Rio + 20 o empreendedorismo praticado pelas micro e pequenas empresas de Minas Gerais, com o apoio do Sebrae, certamente poderá ser um cartão de visita que o Brasil oferecerá no Rio de Janeiro em 2012.

Artigo publicado em 21 de novembro de 2011.