Nos próximos meses, estaremos todos envolvidos com as eleições municipais. Em muitos casos, elas são consideradas uma prévia das eleições presidenciais, mas o importante a se assinalar é que muito do nosso cotidiano depende de seus resultados.
Entretanto, o foco normalmente se dá sobre os cargos majoritários, obscurecendo a eleição das Câmaras Municipais.
As campanhas também trazem pouca luz às propostas dos candidatos a vereador que muitas vezes tratam de temas que fogem à esfera dos legislativos municipais. De maneira geral, os vereadores exercem: funções legislativas, isto é, produzem leis; fiscalizam o Executivo e votam o orçamento.
Além disso, fazem a ponte entre as comunidades e o Executivo, especialmente levando as reivindicações das mesmas em termos muito concretos, tais como melhorias de infraestrutura urbanística, facilitação no atendimento de serviços públicos, enfim, seus mandatos incluem uma série de atividades que nem sempre são percebidas ou compreendidas pela sociedade.
A nossa realidade política tem, perigosamente, favorecido o papel de atendimento da “clientela” em detrimento de outras atividades igualmente importantes.
Refiro-me, mais uma vez, aos políticos de opinião que incorporam na atuação de seus mandatos desde uma visão de mundo que tem reflexo no desenho do futuro das cidades, passando pela defesa dos chamados interesses difusos, tais como defesa do patrimônio histórico, cultural e ambiental, bem como daqueles interesses coletivos que não se confundem com as demandas exclusivamente corporativas.
Normalmente estes políticos enfrentam dificuldades de financiamento porque não se deixam sequestrar pelos lobbies econômicos. Suas campanhas dependem do engajamento dos cidadãos, de maneira geral, o que hoje está cada dia mais difícil pelo notável desencanto com a política.
Torna-se, assim, muito importante chamar atenção para tais candidatos e ajudá-los a se viabilizar. Óbvio que é importante conhecer a história de cada um deles e verificar se as suas propostas estão sintonizadas com a visão de mundo daqueles que irão elegê-los. Também se deve ter cuidado para não comprar gato por lebre.
Nesta coluna tenho procurado indicar critérios para escolha de candidatos que merecem ser apoiados e que podem dar uma contribuição efetiva para São Paulo, valendo lembrar que esta é uma vitrine do Brasil.
Caso o leitor se identifique com o candidato, recomendo que procure contatá-lo e, se possível, convidá-lo a participar de uma reunião com amigos, na qual este último poderá expor suas ideias. Por incrível que pareça, o boca a boca é um dos instrumentos mais eficazes de ajudar bons candidatos a se eleger.
Se o candidato for eleito, este diálogo deve ser mantido, assegurando, de um lado, que as suas opiniões sejam levadas em conta nas votações importantes e até em questões mais paroquiais que envolvem o seu bairro e a sua rua.
E do lado do político, é a garantia de que ele está exercendo, coerentemente, o seu mandato popular.
Artigo publicado no jornal Brasil Econômico em 2 de agosto de 2012.